Quando trabalhava na Localvisão, gastávamos a palavra intemporal. Tínhamos, sobretudo de início, o hábito de produzir peças que pudessem ser usadas quando o volume de trabalho fosse maior e a capacidade de o realizar, menor. Aprendi quando estive na redação do El País, em Madrid (isto de estudar jornalismo dota-nos de conhecimentos que pudemos aplicar uma vida inteira), que eles também fazem as tais peças intemporais e guardam-nas na "nevera" (em sentido figurado), que em português significa frigorífico. O facto é que muito frequentemente fazíamos estas peças intemporais, até que chegou o fim do ano e quase tudo que era intemporal ganhou temporalidade e lá tivemos que as publicar antes que de intemporais passassem a inúteis. Mas isto tudo para chegar ao seguinte: ao contrário das notícias, das peças ou das reportagens, existem textos que são, de facto, intemporais. Que fazem sempre muito sentido. Escrevi este texto em 2011 e continuo a identificar-me com ele de cada vez que o leio:
Cada vez mais me capacito que o rumo que nós
tomamos é totalmente incerto e controverso... Nem sempre escolhemos o melhor
caminho, nem sempre escolhemos o caminho que o coração nos indica, nem sempre
somos autónomos na nossa escolha e nem sempre temos coragem de escolher. Mas
entre todas estas hipóteses, está a essência da vida. Todos nós, sem excepção,
somos à nascença dotados de várias qualidades e de vários defeitos, porque
afinal o ser perfeito é um ser imperfeito! No meio de tantas características
que temos, sem dúvida, existem algumas que nos remetem para essas escolhas que
a vida nos apresenta... O valor de cada um não está na maneira como encara a
acomodação, mas sim na maneira como encara a mudança.
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